sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

 

A EXCLUSÃO DE PESSOAS TRANS NO ENSINO SUPERIOR 

 

 A falta de acesso à educação no ensino superior nunca foi algo tão distante para a comunidade trans


Por Alessandra Alves 

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/05/ao-menos-12-universidades-federais-do-pais-tem-cotas-para-alunos-trans.shtml


A grande maioria das pessoas travestis e transexuais estão fora do cotidiano estudantil, você já parou para pensar nisso? Com quantas pessoas trans você estuda ou já estudou? Fica o questionamento!

Sabemos que à educação é para todos, mas com a opressão, pela rejeição e pelo medo a comunidade já se afasta disso já no ensino médio, segundo a associação nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) cerca de 70% das pessoas trans e travestis não concluíram o ensino médio e apenas 0,02 teve acesso ao nível superior.

Bruno do prado é especialista em gênero, ele nos conta que isso se inicia desde a infância e se intensificam na escola, o que gera a violências e que resultam na exclusão já na educação básica, "Embora as universidades devessem operar na contramão de todos esses processos naturalizados de desigualdades sociais e de opressões produzidos a partir de uma matriz binária de gênero forjada na cisnormatividade, elas acabam por reforçar tais noções, o que dificulta sobremaneira a própria permanência dessas pessoas nos espaços acadêmicos" diz o especialista. 

N.T uma mulher trans de 20 anos é natural de Primavera do leste mas atualmente mora em Rondonópolis conta que desde pequena sua vida não foi fácil, a rejeição familiar, e seus problemas pessoais fez com que ela perdesse o foco nos estudos por muito tempo na sua adolescência, no período de pandemia morando com sua irmã mais velha na fazenda ela acabou desistindo de vez dos estudos, já nesse ano de 2023 voltou à estudar com o ensino EJA (Educação de Jovens e Adultos) que nesse mês de dezembro concluiu seu ensino médio e agora com novas metas deseja cursar enfermagem na federal com sua nota do Enem. "Meus pais se separam, fui morar com minha mãe mas meu padrasto não aceitou minha identidade, fui morar com meu pai e foi ai que tudo começo. Me alto mutilava e não sentia bem com meu corpo, chegava a falar que não me sentia bem e que eu era uma mulher mas com o julgamento e rejeição da minha madrasta que disse que isso não aceitava dentro de casa, fui embora sem objetivo de vida afetando em tudo, principalmente nos meus estudos" diz a menina.

Já a historia da Maitê, uma mulher trans, que cursa na UFR (Universidade Federal de Rondonópolis) conta que sente orgulho pela resistência em vencer as barreiras sociais, mas que também sente um peso e cobrança social, e que seus maiores desafios dentro do ensino superior é a transfobia por parte de muitos universitários. "Minha motivação de ter entrado na faculdade é dar orgulho a minha avó que sempre esteve presente em toda a minha transição" diz a estudante. 


https://www.synergiaconsultoria.com.br/fique-por-dentro/inclusao-da-comunidade-lgbtqiap-no-mercado-de-trabalho/


Entramos em contato com a Lilian, professora que da aula em universidades, ela nos conta que em toda a sua trajetória como professora do nível superior deu aula apenas para uma pessoa trans, "Já tive muitos alunos gays, lésbicas, bissexuais e não-binários. Mas, em mais de cinco anos de docência, apenas uma aluna trans passou por uma das minhas salas de aula.". Perguntamos há ela qual o melhor meio de abraçar essa comunidade tão reprimida, "Penso que a universidade precisa fomentar a formação de professores e técnicos para acolher pessoas trans. Qualquer aluno, aluna, alune precisa ser tratado com igualdade. Mas sabemos que a sociedade é transfóbica, que a universidade pode ser hostil e é preciso que o corpo técnico e docente esteja preparado para lidar com situações de transfobia, identificá-las e punir os agressores. Sabendo que a universidade tem esse aparato de acolhimento, certamente as pessoas trans vão se sentir mais confortáveis para entrar e seguir na universidade." conclui Lilian.



A vários obstáculos na vida de todo mundo, mas para as pessoas trans que desde muito cedo enfretam coisas absurdas, pressão psicológicas, agressões verbais e até físicas. E com tudo isso faz com que essa comunidade tão reprimida se esconda e perca as esperanças em fazer o futuro acontecer, entrando assim na marginalização e prostituição. A maioria de Travestis e Transexuais estão na prostituição e poucas no mercado de trabalho e principalmente nas universidades. Pessoas trans se formando, é isso que a sociedade precisa e necessita. 

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