segunda-feira, 17 de julho de 2017

Vicio em internet e jogos eletrônicos: o olhar da psiquiatria

Por Jeová Rodrigues de Sousa*


https://www.paulinas.org.br/pub/familia_crista/familia/entre_jovens/2015/janeiro%202015/Screen%20Shot%202015-03-16%20at%2014.01.35.jpg
O artigo Dependência de Internet e jogos eletrônicos: uma revisão (2008), escrito pelo doutor em psicologia clínica, Cristiano Nabuco de Abreu em parceria com os psiquiatras Rafael Gomes Karam, Dora Sampaio Goés e Daniel Tornaim Spritzer, avalia e revisa vários estudos e pesquisas sobre a evolução do vício em Internet e jogos eletrônicos nas últimas décadas. No entanto, de forma cautelosa, eles não classificam a compulsão como uma nova patologia ou transtorno, destacando que é necessário maior aprofundamento sobre o assunto.

Adicionalmente, os pesquisadores apresenta cinco tópicos que discorrem sobre o assunto. São eles: definições, epidemiologia, comorbidades, tratamento, discussão e conclusões. Sendo que todos estão correlacionados e apresentam discussões nas duas esferas internet e os jogos eletrônicos.

No tópico definições Nabuco de Abreu et al relata de forma bem clara a origem do termo dependência de internet e em seguida apresenta os primeiros estudos que por sinal foram iniciados pela Dr. Kimberly Young. Depois apresenta os critérios de diagnostica, elaborados por Young, os quais servem de referência até hoje. Eles também deixam claro que o fato de estudar a mais de 12 anos o transtorno e o mesmo não ser considerado uma patologia não significa que o reconhecimento é invalido. Da mesma forma, os autores apresentam as definições do uso compulsivo dos jogos eletrônicos, ressaltando que os estudiosos não chegaram a um consenso no que diz respeito a uma nomenclatura especifica. Adiante, a obra expõe uma tabela que mostra as seis caraterísticas do uso excessivo dos jogos eletrônicos e por haver muitas teorias sobre as possíveis causas do uso demasiado desta tecnologia os autores (Spritzer e Karam) esclarecem que o mal uso do tempo é o principal fator no que se refere ao diagnóstico.

Na esfera epidemiológica o artigo aborda o conceito histórico do vício em internet, que antes era visto apenas com um problema que afetava os universitários que tinham mais contato com a ferramenta. Mas o tempo reverteu a situação e até a data de publicação do artigo o Brasil estava no topo da lista de países com maior índice de conexão doméstica. No mesmo tópico os estudiosos apresentam várias pesquisas e índices que apontam o grau de dependência dos internautas tanto em jogos como na rede mundial dos computadores.

No item “comorbidades” a publicação confronta o uso excessivo das ferramentas virtuais e diversão a possíveis doenças que se potencializam ou se desenvolvem com o isolamento e o abuso causado pelas atividades online. A partir disso, o material apresenta estudos e pesquisas de diversos autores que sustentam os argumentos.

Em seguida, o quesito “tratamentos” a partir de estudos sobre o assunto discute possíveis maneiras para amenizar ou acabar com o problema (uso excessivo da internet). Sempre de acordo com pesquisas cientificas, os autores apontam a terapia cognitiva comportamental como uma forma de combater o vício. No que se refere aos jogos eletrônicos a pesquisa não encontrou algo efetivo na contenção do uso demasiado dos instrumentos.

Antes de concluir Nabuco de Abreu et al no referencial teórico “discussão” comenta estudos que mencionam as possíveis causa do uso compulsivo destas ferramentas. Além disso, os autores por meio da revisão de vários estudos apontam o fator tempo como algo decisivo no desencadeamento do vício.

Os avanços tecnológicos têm proporcionado novos meios de aprendizado. Os vídeos games, por exemplo, são uma ótima forma de aprender, auxiliam no desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras, além de melhora a capacidade de orientação espacial e a facilitação da socialização. As vantagens de seu uso têm sido testadas e comprovadas também em terapias médicas, incluindo psicoterapias. A internet é uma outra forma de comunicação que tem ganhado força na socialização do indivíduo.

Todo esse quadro de transformação traz consigo suas problemáticas, atingiu o ensino concomitante ao fato de acompanhar o desenvolvimento tecnológico, fato extremamente necessário, os alunos de hoje estão mais interessados no mundo virtual do entretenimento, ao invés de textos literários ou científicos. Mas isto tem um preço, além de causar isolamento social, queixas frequentes em consultórios psiquiátricos. Para vários autores, este uso excessivo de videogame e internet pode se tratar de um novo transtorno psiquiátrico que tem atingindo uma parcela de jovens e adultos.

Dessa maneira, propõe-se que se faça uma revisão sistemática da literatura a respeito de estudos que procurem caracterizar a dependência de Internet e jogos eletrônicos, bem como eventuais informações aspectos epidemiológicos, características clínicas, e tratamentos que auxiliem na compreensão e na elaboração de novos critérios diagnósticos.

Por mais que o conteúdo deste artigo trate de uma causa social e relevante, a maneira como os autores abordam o assunto não abrange qualquer tipo de público, trata-se de uma camada bem restrita. Certamente os estudantes de psicologia, psiquiatria e o público ligado as Tecnologias da Informação e Comunicação(TICs).

Obra resenhada:
ABREU. C. N.; KARAM. G.R.; GÓES.S.D.; SPRITZER. T. D. Dependência de Internet e de jogos eletrônicos: uma revisão. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 156-167, 2008.

Esta resenha so foi possível graças aos esforços de: Cristiano Nabuco de Abreu, Rafael Gomes Karam, Dora Sampaio Góes, Daniel Tornaim Spritzer,no artigo sobre dependência, escrito em 2008 para a Revista Brasileira de Psiquiatria.

Jeová Rodrigues de Sousa é acadêmico do 4º semestre do curso de Jornalismo da Unemat. 

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