segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Justa toda forma de amor


Casamento lésbico

Alto Araguaia realizar o primeiro casamento Homoafetivo.


Créditos: Átila Oliveira
             Momento da troca das Alianças.

 Após cinco anos da resolução do CNJ, Alto Araguaia realiza primeiro casamento homoafetivo. Ong acredita que índice de casamentos em Mato Grosso ainda é baixo devido ao preconceito


 Por Marcos Augusto/ Da Redação

Celebrar o amor com festa, reunir os amigos e familiares e realizar a lua de mel após legalizar a união com a pessoa amada em seu casamento, certamente é um momento sonhado por pessoas de ambos os sexos. Porém, até pouco tempo esses direitos eram proibidos à comunidade LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer).

Somente neste ano aconteceu o primeiro casamento homoafetivo em Alto Araguaia (415 km de Cuiabá), cidade localizada no sul de Mato Grosso. A realização deste ato representa décadas de lutas em busca de conquista de direitos da comunidade LGBTQ. Em 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou a resolução 175, que reconheceu que o casamento é um direito de qualquer cidadão, independente de sua orientação sexual, religião, etnia, e deve ocorrer sem distinção. A decisão foi baseada no artigo 5º da Constituição Federal Brasileira: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)”

Após cinco anos da resolução foi realizado no dia 17 de agosto, no Cartório do 2º Oficio de Alto Araguaia, o primeiro casamento homoafetivo da cidade entre duas mulheres, Maria Camila Gimenes Saraiva, 27, e Geiza Gimenes Saraiva, 43. Elas se conheceram em uma festa e estão juntas há quase três. A cerimônia no cartório contou com a presença de amigos e familiares que acompanharam a trajetória do casal.

                            Crédito: Átila Oliveiras 
Amigos reunidos para celebração do casamento de Camila Saraiva e Geiza Saraiva.

Para Camila, que é estudante de Direito, o casamento é um ato importante para qualquer família que deseja construir um laço matrimonial, seja ela homoafetiva ou heteronormativa. Porém, é importante ressaltar que para a comunidade LGBTQIA, essa conquista simboliza algo maior. “Nós nos sentimos honradas em ser o primeiro casal gay a casar em Alto Araguaia. Mas sabemos que a realização desse sonho só foi possível porque muitas pessoas travaram grandes batalhas, e foi graças a essas batalhas que hoje estamos aqui celebrando essa conquista”, relata.

            Os casamentos homoafetivos e heteronormativos têm os mesmos direitos, ritos e exigências para realização. “Os requisitos para a habilitação do casamento são os mesmos que a lei estabelece e que qualquer casal que queira um casamento civil tem que se submeter. É importante que o casal homoafetivo procure o cartório para esclarecer suas dúvidas’’, relata o responsável do Cartório André Luiz Bispo.

Crétidos; Átila Oliveira
Momento da oficialização do casamento

            De acordo com dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2013 e 2016, foram realizados cerca de 19 mil casamentos homoafetivos no país. Em Mato Grosso foram registrados 77. 


            Para a ONG Livremente, de Cuiabá, o baixo índice de casamentos entre pessoas do mesmo sexo no estado se dá devido ao preconceito da população. “Acreditamos que o número de união estável em Mato Grosso seja maior, porém as pessoas não tornam publico por conta do preconceito, pois vivemos em uma sociedade heteronormativa”, relata a ONG.


             Atualmente no Brasil, a luta da comunidade LGBTQI+ tem sido pela aprovação do projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que criminaliza a homofobia em todo território brasileiro. Hoje a cada 19 horas um LGBTQI+ é morto no Brasil por homofobia, sendo assim considerado o país que mais mata LGBTQI+ no mundo.

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