PEC 287
Reforma da Previdência assusta
estudantes
Investir o tempo em mestrado e doutorado pode atrasar
entrada no mercado de trabalho
Fábio
Pires
DA REPORTAGEM
A
proposta de Reforma da Previdência apresentada pelo governo de Michel Temer
(PMDB), e aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça pela Câmara dos
Deputados, tem causado polêmica entre estudantes que
pretendem investir o tempo no mestrado e doutorado. A PEC287 Não houve votações no plenário da
Câmara e nem do Senado. Isso deve ocorrer no primeiro semestre de 2017.
A
proposta é uma das principais apostas do governo, que a justifica como uma
tentativa de reequilibrar as contas públicas. A União estima que a reforma
garanta uma economia de aproximadamente R$ 740 bilhões em dez anos, entre
2018 e 2027.
Sobre
as questões legais a idade mínima para se aposentar passa a ser de 65 anos para
homens e mulheres, incluindo professores, com exceção de militares. Já o tempode
contribuição passa de 15 anos para 25 anos.
Para
homens com mais de 50 anos e para mulheres com 45 anos ou mais, o governo irá
criar regras de transição. Quem entrar na regra terá pedágio: vai trabalhar 50%
mais tempo para poder se aposentar.
De
acordo com o advogado e professor doutor da Unemat/Alto Araguaia, Everton
Neves, faz críticas à atual proposta. Segundo ele “essa proposta foi feita para
agradar uma parcela minoritária da sociedade. A maioria da população vai
contribuir e não usufruir da aposentadoria. Quarenta e nove anos de
contribuição é abusivo”, afirma.
A
professora Cleu Velasco David, 29 anos, moradora de Alto Araguaia (MT) é formada
em Letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)/campus de Alto
Araguaia há mais de três anos. Hoje professora de língua portuguesa no colégio
Objetivo de Alto Araguaia (MT), teme as mudanças. A profissional que pretende
avançar na carreira e na remuneração, se dedicando a uma pós-graduação na área
da educação, mas agora teme os efeitos da Reforma da Previdência.
“O
meu receio em afastar-me do mercado de trabalho e me dedicar exclusivamente ao
mestrado é que durante os dois anos na pós-graduação, deixarei de contribuir
para a Previdência e isso me afetaria lá na frente”, afirma.
Gean
Lobo, de 23 anos, pretende emendar o doutorado assim que concluir, em 2017, seu
mestrado em Gestão de Negócios. Terminará os estudos sem 2021, quando tiver 28
anos, e terá de contribuir até os 77 anos se quiser receber o teto da
aposentadoria, mas a mudança de regras não o preocupa. “Com o doutorado, terei
remuneração melhor e uma carreira mais estável, dando aula em universidades.
Pretendo fazer projetos de consultoria, o que aumentará minha renda. Já tenho
previdência privada e não pretendo depender só do INSS”, diz ele, que começou a
dar aulas no ensino médio em 2016.
Para
a professora pós-doutora da Unemat de Alto Araguaia, Rosely Aparecida
Romanelli, é de “extrema importância” a dedicação exclusiva no mestrado e no
doutorado. Segundo a docente, “permite que o pesquisador se dedique mais às
leituras, à coleta de dados e análise do material, concluindo um trabalho de
melhor qualidade”, explica.
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